É, deu no que deu. Os bratáquios de Ipanema curtiram adoidado o sol ultramegapowerfodão desse verão e agora os montanheses aqui amargam no edredon o frio polar que assola nossa terra garrida nesse iniciozinho de inverno.
Tal do Aquecimento Global, justificou com olhar matreiro aquela minha ex namorada que está pra salvar a Amazônia. A tudo, diria cá na minha ignorância de ensino público, usam para culpar meus cigarros e o peido das vacas.
Nossa terra está inclinada ao fracasso desde Adão e Eva, guri. E não me venham proibir de fumar na minha cafeteria preferida, a única que ainda não memarginaliza pelos lançamentos carbônicos na atmosfera. A moda agora é inibir o fumo, negada. E lá me vem os partidários da causa com suas tosses irritantes e propositais, só pra esculhambar umpobre amante das artes antigas.
E me disseram, numa roda de finos intelectuais, que fumar é, entre outros pejorativos, uma coisa bastante tribal. E o partidário ativista, raça impudorosa de ex-fumantes, saca da bolsa um folheto do ministério da saúde, um alerta sobre o vício.
Ora, faço minha parte: Evito os brochantes.
A namorada agradeceria tal atitude heróica e consciente se não se ocupasse em mandar-me escolher entre o cigarro e o prazer carnal. Terrorismo funcional, mas me pego aperguntar se um (o cigarro) não estásatisfatoriamente atrelado aooutro (oprazer carnal). Ah, intermitências...
E por falar nisso, os hollywoods estão no suprafino da minha cultura popular e revoltante, politicamente incorreta. Os engraçadinhos entendidos da psicologia butecal me alegam (alegam a mim, essa lingua é estranha) que faço uso sexual do objeto fálico à boca e isso, por sua vez, vem suprir necessidades orais de minha libido.
Ora, que meus filtros vermelhos tenham lá a significância sexual, Freud que se foda. Bem que tento, e vaidoso que sou me obrigo ao martírio da culpa carregada, mas acender um cigarro e divagar sobre questões de cunho existencial sempre foram um benéfico maior que o custo estético de porventura amarelar os dentes.
Tem o câncer, tá,eu sei. E tem tambem o fantasma da impotência. E tem aquelas fotinhas pungidas atrás do maço, que seja, eu admito.
MAs é como sexo.
Quem é virgem não fará jamais a menor idéia do que estou falando.
Criticam a mim e a todos os amantes da nobre ordem. "Investimento infrutífero", alardeiam. E eu concordo que 3,50 x 30 é um valor maior do que já seria difícl angariar por mês.
Mas enquanto vocês não-fumantes fazem terapia em grupo e procuram gurus indianos, eu acendo um cigarro e reflito. E meu cérebro, esse animal, sente todos os prazeres (condicionados, que sejam) da nicotina, do alcatrão e da fumaça subindo sibiliante no ar.
Não me aporrinhem.
Um adendo: Minha namorada, THE GIRL BOSS, me obriga a não feder cigarro perto dela. Acho justo. E cumpro, temente que sou à sua ira e privações carnais.
Mas adinta não, bobinha. Ela sabe bem que ao virar a esquina da sua casa eu acendo um dos objetos fálicos e o levo à boca.
E ai de quem achar graça disso.