Felipe Lacerda - o escritor que diz Ni

Janeiro 06 2010

[acreditem se quiser, mas fui eu mesmo quem escrevi]

 

Homens de índole duvidosa criaram o pôquer na região do Mississipi (Estados Unidos), terra do blues, entre os séculos 18 e 19, segundo o Google. Época em que se resolvia as coisas na bala e não existia emocore para desvirtuar pré-adolescentes e transformá-los em maricas. O jogo foi criado usando como referência jogos europeus e asiáticos.  A ideia era amplificar o impacto do talento e da pilantragem  da inteligência e dissimulação, além de ao mesmo tempo manter a impressão de ser imprevisível, como o jogo de dados. Mas sabemos que pôquer é acima de tudo, um jogo de técnica.  De manter a cara de paisagem (poker face) e fazer os idversários acreditarem que você está com um  Royal Flush entre os dedos. Coisas que as mulheres fazem naturalmente, então elas levam uma vantagem biológica que torna a coisa injusta.  Pôquer é um jogo de homens ao redor de uma mesa, testando sua intelig~encia e astúcia numa metáfora das savanas. Mais ou menos como o Truco, só que sem a gritaria e o torresmo.

 

Aprendemos duas coisas aqui:

A) Homens são animais que gostam de expressar sua "inteligência" em grupo.

B) Mulheres não são bem-vindas em mesas de pôquer.

 

  

 

Pois é. Antropologicamente falando, nós homens, somos tribais, guerreiros e fodões. Bárbaros conquistadores, vikings beberrões e Adoradores de divindades estranhas com cabeça de animal e corpo de gostosa de comercial de cerveja.

Claro que nem todos nós somos assim. Existe um subgênero que gosta de programas de culinária, mora sozinho e foi criado pela avó. Ouvem Britney Spears e sabem preparar um  Coq Au Vine como ninguém.  Eu chamo a esses tipos de "homens sensíveis subprodutos de uma revolução feminista frustrada". Já as mulheres chamam de "amigo gay". A psicologia chama de "novo modelo masculino".

Mas no popular, é VIADO mesmo. Por isso vocês fofocam com eles, dançam com eles, escrevem poeminhas com eles, trocam adesivinho da Pucca e bottons de anime com eles.

Mas namoram com nós, homens de verdade. Papai me ensinou que ser homem é muito mais que ter um pênis que de vez em quando fica ereto, mesmo sem motivo aparente, durante o almoço de domingo na casa da namorada! É muito mais que isso! É um Way of Life, é uma filosofia existencial passada de geração a geração, desde os primeiros macacos, desde o primeiro homem que usou a expressão "o meu é maior que o seu"! Nós não precisamos de dicas de moda para nos vestir, nós precisamos de uma camiseta de banda e uma calça jeans. Nós não nos perdemos nunca, nosso carro não precisa de GPS, e por falar nisso, nós sabemos estacionar um Fusca! Temos utilidades! sabemos trocar lâmpadas e matar baratas (ham..er..bem...) somos fiési carregadores de sacolas enquanto vocês visitam irritantemente cada maldita loja do shopping!  Nós comemos saborosos e gordurosos sanduíches carregados de bacon, queijo, batata palha e pedaços de carne humana (reparou que o chapeiro é meio maneta?) enquanto vocês comem esse sanduíche natural que vem num plastiqueinho e tem uma azeitona enfiada num palito de dente. Nós não gostamos de patê de frango, gostamos de coxa de galinha frita! Não queremos champanhe francês, queremos vodca russa, creveja holandesa e pinga da roça!  Não precisamos aprender a fazer um estrogonofe de frango ou uma torta de frutos silvestres, porque tudo que precisamos é de um pratinho de tira gosto, e isso até um homem consegue!

Vocês mulheres, já devem ter se perguntado o que nós homens fazemos tanto juntos. Porque temos tanta necessidade de nos agrupar num boteco e encher a cara, assistir DVDs de flashback com clipes do Guns' n 'Roses e sair cantarolando num inglês embromation às duas da madruga, abraçados e em coro cacofônico. Que nós, machos alfas, dominadores da matilha e senhores das cavernas, nos abraçamos bêbados e dizemos que somos amigos de todos no bar, colocamos apelidos zuadores no garçon e colamos o rótulo da cerveja no copo americano. Comemoramos vitórias no futebol como quem festeja a queda do muro de Berlim. Ostentamos troféis ridículos de campeonatos interbairro de truco e damos um verdadeiro chilique quando vocês, mulheres, ameaçam terminar o namoro se usarmos de novo aquela cueca furta-cor desbotada da sorte. E ainda emolduramos na sala de Tv aquela medalha de bronze do Clube dos Garanhas, pelo terceiro maior número de meninas beijadas na noite. Nós que conhecemos nossas primas como ninguém mais as conhece nessa vida.

Vocês jamais nos entenderão. Não compreendem nossos sentimentos, nossas aspirações, nossas necessidades. Jamais poderão entender o porque de termos vídeos pornôs no celular, no MP4, no computador, em DVD e em Gif's animados.

Tudo o que queremos numa tarde de domingo é ficar de bermuda (aquela floral com o escudo do Cruzeiro) na frente de um ventilador assistindo algum filme do Van Damme ou do Charles Bronson.  Queremos idolatrar Chuck Norris do mesmo jeito que vocês adoram, sei lá, a Paris Hilton.  Logo, assistir aquela peça inteligentíssima sobra a finitude da alma humana contraposta ao vasto e profundo universo que nos rodeia NÃO É UMA OPÇÃO RAZOÁVEL.

Nós preferimos jogar videogame a assistir ópera, preferimos brincar de lutinha a discutir existencialismo alemão. Não queremos discutir a relação! É inútil! Vocês simplesmente não entendem a pureza imbecilizada de nossa alma pueril!

Nós nos matamos todos os dias para sermos fodões, intimidar os outros machos, impressionar vocês fêmeas  mulheres. Tudo isso para termos o direito de brochar de vez em quando, não estarmos a fim, sei lá, com dor de cabeça... entendam, é muita pressão! Vocês cobram muito de nós. Vocês querem que transbordemos testosterona na cama e destilemos finesse num restaurante chique!

Aí ficamos confusos!

Percebam que nós fomos talhados para usarmos machados, não alicates de unha! Nós até temos duas cabeças, mas uma não pensa! É uma batalha inglória e injusta! tudo o que queremos é um pouco de cerveja numa mesa de fumantes, sem nenhuma bichinha tossindo ou namorada tendo crise de asma! Precisamos nos libertar desse animal interior, ou jamais conseguiremos olhar para vocês e dizer todas aquelas coisas frescas e bregas que vocês gostam de ouvir! Para isso servem as noitadas com os amigos! Para exorciar o banana que existe em nós. Tenham a mais plena certeza que nunca se soube de uma mulher bonita dando bobeira num boteco sujo às 3:45 da manhã. Não precisam ter ciúmes! Tudo o que queremos é nos certificar dessa unidade masculina, essa cumplicidade eterna, essa seita satânica, queremos é nos carregar bêbados até em casa, falar palavrões escabrosos e sermos machistas sem levar beliscões na altura dos rins... coisas que a auto-preservação nos impede de fazermos perto de vocês! Olhar para aquela loira sem levar tapa no ombro, mesmo sabendo que amamos vocês e isso é só auto-afirmação de uma raça darwinianamente despreparada para um convívio social adequado.  Nós só queremos nos sentir um pouquinho livres... nós sempre voltamos para a coleira na manhã seguinte. Talvez até levemos flores.

Então vai aqui o apelo desesperado de um homem das cavernas:

PELO AMOR DE DEUS: EU NÃO VOU ASSISTIR AO PROGRAMA DA ELIANA NA CASA DA SUA MÃE! Domingo eu vou jogar videogame com a galera! VIDEOGAME! E vou desligar o celular! (silêncio do outro lado da linha) ... amor? peraí, benzinho-princesa-docinho-de-jabuticaba! amorzinho... não, não desliga.. môôr? Môr, cê taí?  

publicado por Felipe Lacerda às 17:48

me passou pela cabeça agora que o joão paulo não deve ter te passado meu novo telefone.
81557850
cochise a 7 de Janeiro de 2010 às 15:47

Hmm... janis anis? Gosto dessa guria. Não gosto tanto de Mark Sullivan. Ele se parece demais comigo.
Felipe Lacerda a 7 de Janeiro de 2010 às 16:14

Alto, loiro, sarcástco, finamente irônico, ator, escritor, ano 87, à alcool, sére luxo, estofado de couro, rodas de liga leve, direção hidráulica...
O Autor
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