Felipe Lacerda - o escritor que diz Ni

Agosto 26 2009

   

 

O Edir Macedo roubou / superfaturou alguns milhões, né? Coisa à toa. Pois é, ainda dizem que deus não dá lucro. O meu cartão de crédito (aquele extorquidor - é assim que fala?) não me cobra 10% ao mês. As igrejas evangélicas sim, porque a Obra custa caro. Caro mesmo, tipo um décimo do meu e do seu salário. Multiplique isso pelo número cada vez maior de fiéis, e nós temos uma igreja evangélica em cada esquina. Pois é assim, tipo a Coca Cola, que a coisa anda. Não respeitam nem velhinhas do INSS. Outro dia vi a Igreja da Graça passar maquininha de cartão de crédito no meio da platé... digo, fiéis. Hoje em dia o dízimo também pode ser via débito automático em conta corrente, sinal dos tempos. Quando Jesus voltar ele vai ter que sacar tudo de rotinas contábeis e trâmites bancários.

Pois bem, o alvo da chuva de pedras de hoje (a chuva de pedras é em homenagem ao Velho Testamento, quando Deus brincava de tiro ao alvo com boa parte da Criação) nem são os  pastores evangélicos. Tadinho deles. Eles não merecem levar a culpa pela total desgraça espiritual do mundo, já que estão ocupados demais contando dólares e comprando jatinhos. E nem adianta falar isso para um deles (os fiéis), pois faz parte do metódo dos pastores  evangélicos ensurdecer os fiéis, a rua, o bar da esqueina e o quarteirão todo. Parece que Deus é um velho com aparelho auditivo.

O que quero fazer aqui são algumas observações interessantes obtidas ao longo de toda a minha experiência com religiões. Logicamente não dá pra dizer tuuudo o que acho sem que vocês me exorcizem, por isso vou tentar ser o mais conciso possível (eu ouvi uma risada?). De qualquer forma, devo esclarecer que absolutamente não tenho nada contra a fé de ninguém. A maior parte dos evagélicos ou religiosos em geral que conheço são pessoas boas e honestas, tementes a Deus e tal. São os líderes que organizam a coisa toda, eles são o alvo das pedras provenientes de minha (AHAH) ira divina.

Vamos começar pelos católicos e largar os crentes em paz por um tempo. Semana passada eu fui persuadido a acompanhar minha mãe à missa da família na paróquia aqui perto. Ela me conhece bem, e já no caminho foi me alertando a abrir o coração, deixa o Espírito fluir, e pelo amor de Deus manter a boca fechada e fazer cara de multidão pra ver se o Homem me inclui no pacote e leva a família toda pro Céu.

Logicamente eu não consegui. Já na entrada, o (funcionário?) entrega-me aquele papelzinho com o roteiro do dia. Tipo assim, somos todos burros e não conseguimos ler em nossas próprias bíblias. Mamãe, aquela santa, me explicou que isso era pra facilitar e ali estava contido todo os passos da missa, para acompanharmos. "Ah, saquei" -disse eu - "Tipo um script?" Ela apenas balançou a cabeça e fez o sinal da cruz. Deve ser um sim.

Daí começou a ginástica laborial. Quer dizer, porque que nós, fiéis trabalhadores, não podemos acompanhar a missa sentadinho no banco, descansando um pouco enquanto adoramos a deus? Ao invés disso, eu contei umas quinze levantadas e sentadas. Parecia siga o mestre. como se o padre gritasse: VIVO! - todo mundo levantava - depois gritasse MORTO! e todo mundo sentava de novo. Daí ia saindo da brincadeira quem errava. Antes fosse isso, mas eu simplesmente não fazia a menor idéia de quando sentar ou quando levantar. Logo, acompanhei a multidão. Sempre tem um senhor com uma cara muito compenetrada do seu lado, daí só precisei imitar tudo que ele fazia. E as falas? O padre começa uma frase e o povão termina com "amém" ou "ele está no meio de nós", e eu só mexia a boca pra parecer que estava no coro, já que não entendi bulhufas do que o padre dizia. E porque aquela beata gorda da fila da frente fica olhando pra mim como se eu fosse um herege? Será que ela não gostou da minha cara ou estou pensando tão alto assim?

Por falar nisso, será que com tooodo o dinheiro da Igreja, custava comprar um sistema de som decente? Fica aquela chiadeira nas caixas de som e a acústica da catedral. O microfone parece ser um daqueles de Karaoke que não diferem os graves dos agudos e qualquer voz fica parecendo a Xuxa com sinusite. Além disso, toda missa que se preze sempre tem um padre muito,muito, muito velho ou um padre estrangeiro. Esse em particular era muito, muito, muito velho e estrangeiro. Ele falava, falava, falava - em hebraico, a julgar pelo nível da inteligibilidade - e o povo completava as frases em coro com alguma coisa que estava escrito no tal papelzinho que só agora percebi que foi parar embaixo do banco onde a beata gorda está. Eu tentando enfiar o braço lá debaixo sem olhar pra bunda da senhora e o povo todo se senta outra vez. Quando peguei o papel, em júbilo, estava só a minha cabeça em pé na igreja, todo mundo ajoelhadinho e de cabeça baixa. Pelo menos eu não soltei o sonoro "YES!" que me deu vontade.

Minha mãe me puxa pela jaqueta. Ora de ajoelhar nessa tabuazinha dura aqui. Vamos lá. Deus deve estar se divertindo muito lá encima. Coloco o joelho de um lado, chego pra lá, dói um pouco, ajeito mais um cadinho e continua doendo. Quando consigo finalmente encaixar a perna dobrada sem causar uma tendinite, eis que todos se levantam novamente!

A comunhão! sempre tive uma imensa curiosidade de saber do que é feita aquela hostiazinha redonda. Parece tão apetitosa. Antes de minha mãe falar qualquer coisa, eu me meto no meio da galera e entro na fila. Aliás, que fila. Parece que todo mundo saiu de casa sem tomar café. 

Quando finalmente chega a minha vez eu estou salivando à beça. Todos à minha frente toma o pãozinho na boca (corpo de cristo, desculpem, corpo de cristo...) e saem com a cara mais santa do planeta. Nenhuma careta, o que me leva a crer que não deve ter gosto de jiló.

A decepção maior! Ô desilusão! Minha mãe me localiza uns dois fiíes antes da hóstia e me arranca da fila.

_O que foi, mãe? Eu só ia comer um desses aí! Não é o corpo de Cristo?

_Você não pode, meu filho. É preciso fazera  pprimeira comunhão antes de comungar na igreja. Você não terminou o catecismo, lembra?

 

E foi assim que eu saí desolado da catedral, sentindo-me o mais excluído dos mortais.

Dentre outras lições importantes para toda a vida, essa manhã percebi que até para comer o corpo de Cristo precisa ser um "Assinante Premium" do serviço religioso. E aquele papo samaritano de não negar pão aos famintos?

Será que quando eu chegar no Céu, São Pedro vai exigir minha carteirinha de sócio? 

 

publicado por Felipe Lacerda às 14:20

Ficou hilário este texto, Felipe... Vim agradecer o coment, os parabens... dizer que concordo com a piblicação do texto no livro e que também estou com saudades, meu musse de limão... rsrs tô entrando na net sempre dps da facult lá pelas 11:30 12hs, mas como amanhã não tenho aula devo entrar mais cedo... tenho uma coisa muito importante pra te perguntar, sobre uma pergunta que você me fez uma vez... rsrs

um grande abraço,


Imcompreendida a 27 de Agosto de 2009 às 04:15

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