Felipe Lacerda - o escritor que diz Ni

Março 06 2009

Ana era uma menina meiga. De certa forma. Adorava flores e plantas na varanda de casa, aquele canto a que todos deram o nome de Canto da Ana. Questão de afinidade. 

Ana nunca sofreu um assalto, nem se amassou num ônibus lotado, nem comeu merenda de escola pública porque Ana passou todos os seus longos e inexperientes quinze anos trancada num amplo apartamento.

Ana era boa gente, amada e querida por todos. Uma vez ficou toda vermelha na TV quando perguntaram sobre suas poesias e desenhos. E quando o repórter perguntou o que ela queria ser quando crescesse, Ana respondeu que queria ser todas as coisas do  mundo.

E queria, juro que queria.

Quem não haveria de querer, não é mesmo?

Ana adorava livros, mas os livros que lia não  falava de fadas nem de princesas, nem nada assim. Falava de pessoas de verdade. Ela não gostava de Kelly Key nem da Ivete Sangalo.

Ana gostava de músicas estranhas de vocais engraçados, coisas que só ela entendia e não podia explicar. Ora, quem entenderia que o mundo arde nela por bem mais tempo que sua tenra idade?

 

As coisas que ela escrevia era sobre o mundo que ela era, não o mundo em que ela vivia.

 

Um belo dia de Janeiro, Ana saiu de casa bonita como sempre, tomou café para ir à escola. Desceu do carro e beijou carinhosamente o rosto da mãe.

Quando o carro virou a esquina e a mãe orgulhosa já não mais a enxergava pelo retrovisor, Ana retirou da mochila uma Uzi.

 

E deu no jornal da manhã seguinte que nenhum mundo cabe em quinze anos.

publicado por Felipe Lacerda às 18:43

"... e deu no jornal de manhã cedo nenhum mundo cabe em quinze anos."

Como sempre muito bom...
Então o senhor voltou, pensei que estivesse traumatizado pelo comentário. Nem respondeu meu e-mail.

Continue escrevendo...

Saudações,

Isa.
Isa a 7 de Março de 2009 às 03:19

Ana terrorista do Cochise, Ana suicida do Felipe. mariAna bedelhuda.

De
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